Luto no processo migratório
Deixar para trás o seu lugar de origem, as pessoas, a cultura e tantas memórias é um processo que gera impactos emocionais.
Joseane Venturini
11/20/20242 min read


O Luto no Processo Migratório: Ansiedade, Tristeza e Caminhos para Lidar com as Mudanças
O luto no processo migratório é um fenômeno muitas vezes subestimado, mas profundamente impactante. Mudar de país ou cidade envolve muito mais do que deslocamento físico; é também uma transição emocional intensa, marcada pela perda de referências, rotinas, vínculos e, em muitos casos, da sensação de pertencimento. Esse processo pode desencadear um "luto cultural", onde a pessoa lamenta tudo o que ficou para trás, incluindo pessoas queridas, lugares familiares e até aspectos culturais que antes passavam despercebidos, mas que agora fazem falta.
Nesse cenário, sentimentos como ansiedade e tristeza são muito comuns. A ansiedade frequentemente surge da necessidade de se adaptar a um novo ambiente, lidar com uma nova língua, costumes diferentes e incertezas em relação ao futuro. Já a tristeza é uma resposta emocional natural às perdas vividas, podendo variar de uma melancolia leve até um quadro de depressão mais grave.
Lidar com essas mudanças exige tempo, paciência e estratégias adequadas. Reconhecer o impacto emocional da migração é o primeiro passo para enfrentar esse luto. Não é fraqueza sentir saudade ou medo do novo; pelo contrário, é uma reação humana legítima diante de grandes mudanças. Buscar apoio emocional, seja através de amigos, familiares ou profissionais, é fundamental para aliviar a carga emocional.
A terapia, em particular, pode ser uma ferramenta poderosa nesse contexto. Um espaço acolhedor e seguro para expressar sentimentos de perda e insegurança permite à pessoa ressignificar sua experiência migratória. Além disso, manter elementos da cultura de origem na vida cotidiana – como a culinária, músicas ou tradições – pode ser uma forma reconfortante de preservar a identidade enquanto se constrói uma nova vida. Gradualmente, integrar-se ao novo contexto e criar novos laços ajuda a reduzir o impacto do luto e a transformar a migração em uma oportunidade de crescimento e aprendizado.
Encarar o luto migratório não é um processo linear, mas é possível encontrar equilíbrio e bem-estar ao respeitar os próprios limites e buscar apoio. A migração, apesar de desafiadora, pode se tornar uma jornada de autodescoberta e enriquecimento pessoal.